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Cordel: De Olho no Ambiente


A obra: Um cordel ecológico, produzido para auxiliar no processo de educação ambiental. Trata dos problemas ambientais da comunidade da Boca do Rio e adjacências.



Você conhece a Boca do Rio?
Suas vielas, suas quebradas?
Apôis se conhece sabe
Que de bairro não tem nada
Ela é comunidade
Quase que micro-cidade
Desta Salvador amada

A nossa Boca do Rio
Tem dois tesouro encantado
Um é a Mata Atlântica
Que fica por todo lado
A outra é a Restinga
Ecossistema ameaçado

Exemplo de Mata Atlântica
Na região da Boca do Rio
É o Parque do Pituaçu
Que a cidade engoliu
Hoje é o que sobrou
Da floresta que existiu

Toda mata verde viva
Na Avenida Paralela
Com altas árvores presentes
Promovendo aquarela
E parte do Pituaçu
Ou da Mata que ali era

O parque do Pituaçu
Tem plantas medicinais
Também tem muitas flores
Orquídeas e animais
Peixes, aves e anfíbios
E remédios naturais

Lá tem o Macaco-Prego
Tem também o Porco-Espinho
Papagaios e Periquitos
Corujas fazendo ninho
Jacaré, Cobra Coral
Toda sorte em passarinho

Mas é sua lagoa
A atração preferida
Pra pesca e natação
Ela é a escolhida
Pelo menos assim era
Pois hoje ta poluída

Esgoto na lagoa
E lixo pelo mato
Tudo isso atrai doença
Enche de barata e rato
Prejudica a natureza
É sujeira em nosso prato

É uma espécie de pecado
Jogar lixo nos rios
Se eu não jogo, nem você
Logo o lixo já sumiu
Pois folha seca e papel
A terra já consumiu

O problema do esgoto
É maior do que parece
Pois a água flui em rede
Espalhando o que adoece
Se há esgoto num rio
Logo em outro aparece

Veja nosso rio das pedras
Que o fundo antes se via
Ele encontra com o mar
Ali no Clube do Bahia
Na Colônia de Pescadores
Aonde o bagre comia

Pois este nosso rio
Ainda é vivo, pode crer!
Tem Bagre, Tamboatá
Traíra a se esconder
Tartaruga a nadar
E Tilápia a aparecer

Tem também o caranguejo
Guaiamu em extinção
Tem mesmo tudo isso
Mesmo com a poluição
Do esgoto que é lançado
Sem pena ou decantação
Este rio nasce no meio
De um monte de pés de bambu
Em minadouros no brejo
Do parque de Pituaçu
No bairro do Bate Facho
Da represa de água azul

O rio que já é poluído
Do Bate Facho ao mar
Receberia na cheia
A água pra lhe salvar
Mas a água do Pituaçu
Também tem esgoto por lá

O Pituaçu por sua vez
Recebe muita porcaria
Esgoto dos bairros em volta
Burguês ou periferia
A maioria não tem dinheiro
Pra fazer o que devia

A EMBASA bem que podia
Acabar com este tormento
Ligar o esgoto do povo
Na rede sem pagamento
E só para finalizar
Promover o Tratamento

Se achar que terminei
De falar da poluição
Pois o Pituaçu recebe água
Da Lagoa da Paixão
Que vem da Bacia do Cobre
Todos em degradação

Aproveitam que o parque
Se quer foi delimitado
E ainda por cima pertence
Aos poderes do Estado
Destroem o que ainda resta
Com Faculdade e Condomínio Fechado

Assim muitos dos animais
Presentes em nossa região
Somem as que podem sumir
Quem não pode vai á extinção
Apôis acabando com a mata
O bicho não tem opção

Quem conhece a Boca do Rio
Sabe de nossas dunas de areia
A vegetação da Restinga
É da lista da morte a primeira
Pois é frágil e sensível
Apesar de ser guerreira
Agora na comunidade
Na nossa Boca do Rio
Vemos muitos Gaviões
Morrendo de modo febril
Caindo ainda filhotes
Morrendo bichos aos mil

Lagartos e Passarinhos
Insetos e Gaviões
Todos perdendo a mata
Em nome das construções
Perdemos muito e ainda
Vamos perder aos milhões

Tudo isso é evitado
Com uma boa educação
Uma parceria do Estado
Com nossa população
Um filho bem educado
Não joga lixo no chão

O povo separa o lixo
O estado vem buscar
Com o lixo reciclado
Todo mundo vai ganhar
E nossa comunidade
Bem mais limpa vai ficar

Lixão perto de escola
É problema em quantidade
É doença, é mau cheiro
Bactéria em atividade
Mas infelizmente é comum
Em nossa comunidade

Se o povo reclamar
Exigir resolvimento
Pra parar a poluição
E acabar com o tormento
É só exigir da EMBASA
Do esgoto o Tratamento

Já pagamos no imposto
Por mais esta solução
O tratamento ta incluso
Se pagar é obrigação
Garanto que o tratamento
Resolve um problemão
Assim não precisa Emissário
Jogando esgoto no mar
Como querem fazer no Corsário
Para nossa praia acabar
Mas se o Coco veio da África
Garanto o esgoto Voltar

Outra grande solução
Pra nossa comunidade
É plantar árvore no chão
Mas em grande quantidade
A nossa Boca do Rio agradece
E fica verde de verdade

Pedir então á CONDER
Do Parque a Delimitação
Parar de vender os pedaços
Do que ainda temos de são
Pois o reto na verdade
Já não tem recuperação

Exigir que as barracas
Da praia da comunidade
Sejam sempre todas de palha
Pra evitar a maldade
Do concreto que destrói
Toda naturalidade

Conhecer melhor as plantas
Nativas da beira praia
Replantar as que sumiram
De forma meio arbitrária
Plantar novamente as flores
Que logo logo se espalha

O povo do Bate Facho
Povo bom e consciente
Faz mutirão de limpeza
Pra limpar o rio corrente
Garanto se assim fizer
O povo fica contente

O povo do Pituaçu
Tem muito o que fazer
Replantar bem a Taquara
Pra não desaparecer
Tirar o lixo da mata
Para a mata florescer
Baixa Fria e Cajueiro
Povo bom e de valor
Tem nas dunas de areia
Pelo menos o que restou
Um pedaço de Restinga
Pra cuidar com muito amor

No Bananal o povo pode
Alto do São João também
Alto do Beira Mar
Pode ir bem mais além
Se juntar ao mutirão
Por um Pituaçu do bem

O Marback setor dois
Tá perdendo sua mata
Dali prá baixo é matança
Até o brejo da baixada
Se não se mobilizar
Logo a vida se acaba

Todos os outros sub-bairros
De nossa comunidade
Que não tenham um só pedaço
De natureza de verdade
Pode fazer este sonho
Se tornar realidade

Lembrando ao poder público
Fazer sempre sua parte
Tratamento de esgoto
Bem antes que seja tarde
Recomposição da mata
E no lixo reciclagem

Vivendo em harmonia
O homem e a natureza
Salvador dando o exemplo
De luta e de grandeza
E a comunidade fica
Realmente uma beleza